Texto de Apoio - Emergências, Acidentes e Primeiros Socorros

3 Emergências decorrentes de Diabetes Mellitus

O Diabete se caracteriza pela insuficiência total ou parcial da concentração de insulina por causa da falta de resposta ou da resposta inadequada dos tecidos periféricos à insulina existente que levam ao aumento da glicose plasmática. A elevação repetida da glicemia de jejum em níveis maiores que 126mg/dl caracteriza o Diabetes Mellitus.

O Diabetes Mellitus é classificado em dois tipos:

  • Tipo I - Insulino-dependente (Diabete infanto juvenil): Inicia-se antes dos 40 anos. Os pacientes apresentam maior instabilidade metabólica, tendência à cetose e à cetoacidose. Na maioria das vezes os pacientes são magros, necessitando de insulina para controle.
  • Tipo II - Insulino-independente (Diabete da maturidade): Inicia-se após os 40 anos e os pacientes apresentam peso normal ou são obesos. Possuem também maior estabilidade metabólica, podendo ser controlados com dietas e/ou hipoglicemiantes orais.

As situações emergenciais por Hiperglicemia, decorrentes do Diabetes Mellitus, só ocorrem em níveis glicêmicos maiores que 180mg/dl e são a Cetoacidose Diabética (no Tipo I) e o Choque Hiperosmolar (no Tipo II).

Os sinais e sintomas da Hiperglicemia são:

  • polidipsia (sede excessiva)
  • poliúria (secreção excessiva de urina)
  • nictúria (urina noturna maior que de dia)
  • polifalgia (fome excessiva),prurido vulvar
  • alterações visuais (embaçamento)
  • dores dos membros inferiores
  • astenia (debilidade orgânica - fraqueza)
  • perda de peso

As emergências mais importantes nos diabéticos em uso de insulina ou de drogas orais antidiabetogênicas é a Hipoglicemia.

Cetoacidose Diabética

Ocorre em pacientes na maioria das vezes jovens que desenvolvem o Diabetes tipo I. A cetoacidose pode ser a primeira manifestação de Diabetes em uma pessoa sã ou ocorrer devido a má adesão do paciente á insulinoterapia. 

Os sinais clínicos são: hálito cetônico, impaciência, língua seca enrugada e avermelhada, respiração de Kussmaul (rápida e profunda) e perda de consciência.

Para a detecção precoce de descompensação diabética é preconizada a realização da glicemia capilar em crianças, adolescentes e adultos jovens em quadro de alteração do nível de consciência, sem histórico de diabetes. Na presença de hiperglicemia, com ou sem hálito cetônico, contactar serviço de emergência e colocar hidratação venosa com soro fisiológico.

Hipoglicemia

Pior complicação, pois ocorre rapidamente culminando em perda de consciência e convulsões, podendo levar ao óbito em pouco tempo. 

Sinais clínicos: fraqueza, debilidade, pele úmida e pálida, salivação intensa, pulso cheio e palpável, náuseas, inicialmente agitado, com cefaléia e pode evoluir para confusão mental, convulsão, torpor e coma. 

Pacientes idosos em uso de sulfoniluréias (Glibenclamida, Glimepirida etc) podem apresentar um quadro de hipoglicemia de difícil tratamento porque os níveis séricos do medicamento permanecem altos por até 48 horas 

Abordagem: 

Paciente consciente e alerta: Interromper o atendimento, colocar o paciente em posição confortável, se for possível dosar a glicemia capilar, administrar carboidratos por via oral a cada 05 minutos, observar o paciente por, pelo menos 30 minutos até que melhore dos sintomas e normalize a glicemia capilar, dispensar o paciente com acompanhante.

Paciente inconsciente: interromper o atendimento, colocar o paciente em posição de L invertido para evitar a broncoaspiração, solicitar socorro médico de urgência, administrar 10 ml de glicose a 25% IV lentamente, sinais vitais de 05 em 05 minutos, manter acesso venoso com soro glicosado OBS: Na impossibilidade do uso de glicose IV, molha-se uma gaze em solução açucarada, prende-se a um fio de sutura e coloca-se entre o lábio e os dentes anteriores inferiores.