Rede de Atenção às Urgências e Atenção Básica à Saúde

A Estratégia Saúde da Família participa da rede de atendimento pré-hospitalar por meio do acolhimento, da abordagem e do referenciamento do indivíduo quando o atendimento não puder ser resolutivo (IKUTA, 2012).

Diversas situações podem levar à necessidade de um atendimento pré-hospitalar, sejam elas clínicas (dispneia, febre, vômitos, sangramentos), cirúrgicas e/ou traumáticas (quedas, fraturas, acidentes vasculares, obstrução intestinal). E, essa necessidade de atendimento pode estar presente em qualquer lugar, seja na residência do usuário, na rua ou até mesmo na rede de atenção à saúde, independentemente do nível de atenção (IKUTA, 2012).

Os avanços na sistematização do atendimento ao adulto em situações de urgência e emergência têm sido consideráveis, porém nossa realidade ainda está distante da ideal. Aproximadamente 20 a 30% dos óbitos ainda ocorrem por falta de integração entre o atendimento pré-hospitalar e o hospitalar (ENGEL, 2015).

No Brasil, a Rede de Atenção às Urgências (RAU) foi instituída buscando superar essa fragmentação da atenção às urgências e com a finalidade de articular e integrar todos os equipamentos de saúde, objetivando ampliar e qualificar o acesso humanizado e integral aos usuários em situação de urgência e emergência nos serviços de saúde, de forma ágil e oportuna (BRASIL, 2011a).

A atenção às urgências no âmbito do SUS é constituída pelos seguintes componentes (BRASIL, 2011a): 


Promoção, Prevenção e Vigilância à Saúde

Tem por objetivo estimular e fomentar o desenvolvimento de ações de saúde e educação permanente voltadas para a vigilância e prevenção das violências e acidentes, das lesões e mortes no trânsito e das doenças crônicas não transmissíveis, além de ações intersetoriais de participação e mobilização da sociedade visando à promoção da saúde, à prevenção de agravos e à vigilância à saúde.


Atenção Básica à Saúde

Tem por objetivo a ampliação do acesso, o fortalecimento do vínculo e a responsabilização e o primeiro cuidado às urgências e emergências, em ambiente adequado, até a transferência/encaminhamento a outros pontos de atenção, quando necessário, com a implantação de acolhimento com avaliação de riscos e vulnerabilidades.


Sala de Estabilização

Deverá ser ambiente para estabilização de pacientes críticos e/ou graves, com condições de garantir a assistência 24 horas, vinculado a um equipamento de saúde, articulado e conectado aos outros níveis de atenção, para posterior encaminhamento à rede de atenção à saúde pela central de regulação das urgências.


Força Nacional de Saúde do SUS

Objetiva aglutinar esforços para garantir a integralidade na assistência em situações de risco ou emergenciais para populações com vulnerabilidades específicas e/ou em regiões de difícil acesso, pautando-se pela equidade na atenção, considerando-se seus riscos.


Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Centrais de Regulação Médica das Urgências

Têm como objetivo chegar precocemente à vítima após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica, psiquiátrica, entre outras) que possa levar a sofrimento, sequelas ou mesmo à morte, sendo necessário garantir atendimento e/ou transporte adequado para um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao SUS.


Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h)

Estabelecimento de saúde de complexidade intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde/Saúde da Família e a Rede Hospitalar. As Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) são os serviços de Urgência 24 Horas não hospitalares para os pacientes acometidos por quadros agudos ou agudizados de natureza clínica, cirúrgica ou de trauma, estabilizando-os e realizando a investigação diagnóstica inicial, definindo, em todos os casos, a necessidade ou não de encaminhamento a serviços hospitalares de maior complexidade.


Rede Hospitalar

É constituída pelas Portas Hospitalares de Urgência, pelas enfermarias de retaguarda, pelos leitos de cuidados intensivos, pelos serviços de diagnóstico por imagem e de laboratório e pelas linhas de cuidados prioritárias.


Atenção Domiciliar

Compreendida como o conjunto de ações integradas e articuladas de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação que ocorrem no domicílio, constituindo-se nova modalidade de atenção à saúde que acontece no território, reorganizando o processo de trabalho das equipes, que realizam o cuidado domiciliar na atenção primária, ambulatorial e hospitalar.

Conseguiu perceber que a Atenção Básica à Saúde e os componentes Promoção, Prevenção, Vigilância à Saúde e a Atenção Domiciliar são importantes para a RAU? Pois é! A Atenção Básica tem a responsabilidade de acolher e atender adequadamente a demanda que lhe acorre e se responsabilizar pelo encaminhamento desta clientela quando a unidade não tiver os recursos necessários para o atendimento (BRASIL, 2002, 2011a). É importante salientar que cada município possui organização própria da Rede de Atenção à Saúde, sendo assim, é fundamental que, como profissional de saúde, você identifique como está organizada a Rede em que atua e, a partir desse mapeamento, você, juntamente com os demais profissionais de saúde, possam organizar suas ações conforme o tipo de serviço no qual estão inseridos. Enfatizamos, ainda, que é possível que nem todos os municípios encontrem uma rede tão bem estruturada, porém essas informações são necessárias para apoiá-lo(a) na realização de ações no território de abrangência da unidade de saúde, de modo a intervir nas principais demandas. Sendo assim, recomendamos que você identifique as ofertas existentes e que possam oportunizar levantamentos sistemáticos das demandas que a equipe encontra na unidade de saúde em que você está inserido(a), de forma a apoiar a gestão a tomar decisões para a reorganização da rede com base na realidade, caso seja necessário.

Sendo assim, os profissionais da Atenção Básica devem estar preparados para reconhecer os sinais de gravidade e os sintomas de cada indivíduo para intervir precocemente.

Agora, analise as três situações abaixo: 

 

   

    

   

Como você pôde verificar nos áudios acima, não é incomum que situações que envolvam traumas, urgências clínicas, psiquiátricas, obstétricas, pediátricas aconteçam na Atenção Básica, onde, com uma certa frequência, a porta de entrada foi a unidade de saúde.

Pausa para o debate

Que tal ir até o fórum para discutirmos um pouco sobre os fluxos de atendimento e o papel da Atenção Básica no atendimento às urgências? Você já esteve diante de situações parecidas com aquelas apresentadas nos áudios? Na sua opinião, todos os profissionais da equipe devem ter conhecimentos a respeito do suporte básico de vida? Por quê? Clique aqui para acessar o fórum e compartilhar suas experiências e opiniões.

Em muitos casos, a Atenção Básica pode ser resolutiva, porém é importante enfatizar que algumas situações que envolvem urgências e emergências fogem totalmente da competência dessa modalidade de atendimento, cabendo à equipe de saúde prestar os primeiros socorros e encaminhar a unidades especializadas.

Observe o infográfico abaixo para entender como isso funciona:

Fluxo de atendimento em situação de urgência na Atenção Básica

Fonte: (BRASIL, 2013a, adaptado).

Na RAU, a Central de Regulação de Urgência é o centro de comunicação. Ela mantém uma porta de comunicação aberta ao público, através do número 192, tanto para o atendimento primário (quando o pedido de socorro for oriundo de um cidadão) como para o atendimento secundário (quando a solicitação parte de um serviço de saúde no qual o paciente já tenha recebido o primeiro atendimento necessário à estabilização do quadro de urgência apresentado, mas que necessita ser conduzido a outro serviço de maior complexidade para a continuidade do tratamento) (BRASIL, 2002, 2003, 2010).

No Brasil, possuímos muitos cenários diferentes, baseados na realidade de cada território. Torna-se importante esclarecer que, além da Central de Regulação às Urgências, não é incomum encontrarmos Centrais de Regulação Locorregionais com essa mesma finalidade. Outro ponto importante a se esclarecer é que em muitos municípios, além do SAMU, o Corpo de Bombeiros também realiza assistência e transferência de casos complexos. Portanto, faça um levantamento junto ao(s) Serviço(s) Hospitalar(es), de Urgência e Emergência ou com a gestão local a fim de identificar qual são os serviços móveis de atendimento às urgências e de regulação existentes no seu município.

Pausa para o debate

Se você já conhece como funcionam esses serviços e a sua relação com a Atenção Básica, compartilhe conosco, no fórum, se eles atendem às necessidades da comunidade onde você está inserido(a), como se dá o fluxo de atendimento, que profissionais estão envolvidos. Clique aqui e acesse o fórum de discussões.

Última atualização: terça, 29 Jan 2019, 12:16