Acolhimento com classificação de risco

A classificação de risco é um processo dinâmico de identificação dos pacientes que necessitam de tratamento imediato, de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento. É uma ferramenta de trabalho que permite, de forma dinâmica, determinar a ordem do atendimento e o tempo de espera aceitável em cada situação, sem comprometer o prognóstico do paciente, sendo essencial que sejam implantados protocolos clínicos a fim de proporcionar atendimento seguro e de qualidade aos pacientes (BRASIL, 2004d).

Fluxograma da classificação de risco no acolhimento embasada em protocolos clínicos

Fonte: (Os autores, 2017).

Com a crescente demanda e procura pelos serviços de urgência, observou-se um enorme fluxo de “circulação desordenada” dos usuários nas portas das unidades de urgência, tornando-se necessária a reorganização do processo de trabalho desses serviços de saúde, de forma a atender os diferentes graus de especificidade e resolutividade na assistência realizada aos agravos agudos, para que a assistência prestada esteja de acordo com os diferentes graus de necessidade ou sofrimento, e não seja mais impessoal e por ordem de chegada (BRASIL, 2004d).

A disponibilização dessa tecnologia não deve abranger a todos os que procuram o serviço, em especial nos locais onde a demanda é excessiva, pois se corre o risco de se produzir um novo gargalo na estrada; o contrário disso é uma hipertrofia nesse serviço podendo prejudicar a constituição de outras equipes importantes na unidade (BRASIL, 2004d).

Dessa forma, a utilização da avaliação/classificação de risco deve ser por observação (a equipe identifica a necessidade pela observação do usuário, sendo aqui necessária capacitação mínima) ou por explicitação (o usuário aponta o agravo) (BRASIL, 2004d).

A área de urgência deve ser pensada também por nível de complexidade, otimizando, assim, recursos tecnológicos e força de trabalho das equipes, para atender ao usuário segundo sua necessidade específica (BRASIL, 2004d):

 Atenção

A classificação de risco se dará nos seguintes níveis:

  1. VERMELHOS: prioridade zero — urgência de prioridade absoluta com necessidade de atendimento imediato.
  2. AMARELOS: prioridade 1 — urgência de prioridade moderada, exige atendimento com o máximo de brevidade possível.
  3. VERDES: prioridade 2 — urgência de prioridade. Aqui se incluem alguns grupos prioritários, como idosos, gestantes, crianças e outros.
  4. AZUIS: prioridade 3 — urgência de prioridade mínima, quadros agudos ou crônicos agudizados de baixa complexidade – atendimento de acordo com a ordem de chegada.
 Pausa para o debate

Leia o caso “O comerciante”:

O Doutor Erick Jorge, médico regulador do SAMU de uma grande região metropolitana, tem se preocupado com os casos de conotação social. No início de janeiro de 2010, vivenciou a seguinte situação: Uma pessoa, que se identificou como André, solicitou atendimento para um adulto que se encontrava inconsciente em uma praça. Quando a equipe de SBV chegou ao local, encontrou a seguinte situação: um influente comerciante do bairro demandava o serviço do SAMU para retirar da praça algumas pessoas em situação de rua, que estavam habitando em frente sua loja e, segundo ele, estavam atrapalhando o comércio local. A equipe avaliou os membros do grupo e não encontrou qualquer indício de necessidade de atendimento de urgência. Além disso, todos do grupo referiam querer permanecer naquele local, já que era uma praça muito boa para morar, recusando-se a irem para um abrigo da prefeitura ou qualquer outro local. A equipe teve grande dificuldade para resolver o caso, pois o solicitante exigia que retirasse o grupo de lá, levando-o para qualquer lugar. Chegou até a ligar para a Secretária da Saúde e para a imprensa local, com o objetivo de pressionar a equipe do SAMU a resolver o problema.

Na sua opinião, a regulação dessa solicitação foi correta? Se sim, qual foi o indicador da necessidade dessa ocorrência? Como devemos agir frente a tal situação? É possível fazer o processo educativo da missão do SAMU em uma ocorrência? Clique aqui para conversarmos sobre o assunto.

Última atualização: terça, 20 Nov 2018, 17:50