Regulação das Urgências - T3
Técnicas de regulação das transferências interunidades
Clique em cada imagem para saber mais sobre as etapas:
Recepção do chamado
A primeira etapa deve ser a recepção do chamado. O TARM faz a recepção inicial, realiza a identificação da chamada por meio dos seguintes dados: unidade solicitante, nome e CRM do médico solicitante, nome, idade e origem do paciente. Em seguida, o TARM deve passar o telefone ao médico regulador.
Abordagem do caso
A abordagem dos casos endereçados às Centrais de Regulação das transferências interunidades consiste em reunir a maior quantidade de dados possíveis sobre o caso, que podemos relacionar da seguinte forma:
Dados clínicos do paciente:
- QP (Queixa Principal);
- Sinais e sintomas associados;
- Sinais de gravidade;
- Antecedentes e fatores de risco;
- Exame físico e sinais vitais;
- Conduta inicial: medicamentos e procedimentos;
- Exames realizados;
- Evolução: alterações verificadas após a conduta inicial;
- Recursos solicitados para o caso (incubadora, respirador, oxigênio, monitor, bomba de infusão, drogas específicas etc.);
- Justificativa para a solicitação.
De posse dessas informações, pode-se definir a pertinência do caso.
Atribuições dos solicitantes:
São atribuições do médico assistente:
- Fazer a indicação da necessidade de transferência;
- Providenciar a estabilização das condições hemodinâmicas e ventilatórias previamente ao transporte. O transporte de pacientes pode agravar essas duas situações;
- Providenciar o leito quando for transferência entre UTIs;
- Elaborar relatório de transferência registrando "a hipótese diagnóstica", os procedimentos efetuados, os exames e as medicações realizadas e os motivos da transferência (não deve se esquecer de assinar e colocar o carimbo de identificação pessoal).
Orientação técnica
Conselho médico ou orientação técnica a um colega médico sobre a conduta a ser tomada para melhor estabilização do paciente antes da transferência ou mesmo para evitar a transferência.
Decisão técnica
O médico regulador deve avaliar a necessidade de intervenção, decidir sobre o recurso disponível mais adequado a cada caso, levando em consideração: gravidade, necessidade de tratamento cirúrgico, os meios disponíveis, relação custo benefício, avaliação tempo-distância. Em resumo, ele decide qual o recurso e o nível de complexidade que o caso exige.
Avaliação dos recursos e decisão gestora - aspectos e regulamentares
Uma vez constatada a necessidade de transferência, o próximo passo é a procura e/ou escolha do hospital referenciado para o qual o paciente será encaminhado. Diante do estabelecimento da necessidade de transferência, o médico assistente procura o recurso necessário dentro de sua grade de referência ou através da Central de Regulação das Internações.
Procedimentos necessários:
- Definir, de acordo com a necessidade de cada caso, a complexidade e disponibilidade do serviço de destino, considerando a grade de regionalização e hierarquização do Sistema;
- Comunicar à equipe no local da ocorrência o destino do paciente;
- Acionar serviço receptor;
- Comunicar o envio do paciente, providenciando seu acesso no serviço de destino;
- Acionar de múltiplos recursos ou combinar para otimizar recursos dispersos;
- Comunicar o horário previsto para a transferência ao solicitante; e
- Confirmar o recebimento com o solicitante e/ou com a equipe de transporte para que possa ser providenciada a melhor recepção possível para o paciente.
Transporte
Nesta etapa, deve ser feita a definição e envio do transporte terrestre, aéreo ou aquático. O médico regulador deve certificar-se de que:
- A equipe intervencionista deve checar se as condições clínicas do paciente são as mesmas informadas à Central de Regulação das Urgências. A equipe intervencionista deve igualmente reavaliar os sinais vitais, fluxos de drogas e parâmetros de ventilação do paciente;
- A equipe intervencionista deve registrar todos esses dados iniciais em ficha própria, assim como toda a evolução do paciente, inclusive intercorrências e condutas tomadas durante a transferência.
Passagem do caso e entrega do paciente na unidade de destino
O médico regulador deve certificar-se de que o médico intervencionista passe os dados e deixe cópia da ficha de transferência com o médico receptor, que deve assinar a primeira via, a qual fica com a unidade móvel.
Para refletir |
Existem algumas situações especiais que demandam a transferência interunidades, como: incapacidade técnica do médico sobre os procedimentos recomendados para o caso e/ou desejo do médico Existem situações nas quais o hospital oferece os meios essenciais para diagnóstico e para tratamento, mas o médico plantonista é incapaz de adotar os procedimentos recomendados ou não sabe como proceder e, por isso, trata de providenciar, o quanto antes, a transferência do paciente. solicitação de transferência dos próprios pacientes e/ou familiares. Em muitas situações de urgência/emergência, em que pese existir recursos materiais suficientes no hospital e um atendimento médico adequado, os pacientes desejam ser transferidos pelas mais variadas razões. |
Quais os aspectos éticos - Código de Ética Médica (CEM) - relacionados a esse assunto? (BRASIL, 2009c)
Art. 2o: “O alvo de toda atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional."
Art. 57: que veda ao médico: "Deixar de utilizar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento a seu alcance em favor do paciente."
Art. 47: “Discriminar o ser humano de qualquer forma ou sob qualquer pretexto."
Art. 48 sobre solicitação de transferências por familiares veda ao médico: "Exercer sua autoridade de maneira a limitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a sua pessoa ou seu bem-estar".
Art. 56: veda ao médico: "Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente perigo de vida."
O Manual de Orientação Ética e Disciplinar refere que: "Se um paciente necessita, deve ou quer ser transferido para outra cidade em situação de urgência/emergência o médico deverá fazê-lo no "bom momento" clínico, ou seja, quando o paciente não está em risco iminente de morte e apresenta estáveis seus sinais vitais, mesmo em níveis não ideais" (SANTA CATARINA, 2000).
Em conclusão, o ideal é que o médico atenda ao desejo do paciente ou de seu representante legal e adote os procedimentos técnicos e a conduta ética compatíveis com o caso em questão, nas condições acima referenciadas.
Quais os procedimentos necessários?
* Definir, de acordo com a necessidade de cada caso, complexidade e disponibilidade do serviço de destino, considerando a grade de regionalização e hierarquização do Sistema;
* Comunicar à equipe no local da ocorrência o destino do paciente;
* Acionar serviço receptor;
* Comunicar o envio do paciente, providenciando seu acesso ao serviço de destino;
* Acionar múltiplos recursos ou combinação destes para otimizar recursos dispersos;
* Adaptação dos meios;
* Comunicar ao solicitante;
* Confirmar o recebimento com o solicitante e/ou com a equipe de transporte para que possa ser providenciada a melhor recepção possível para o paciente;
* Pactuar com o hospital os casos de recebimento única e exclusivamente para realização de exames com segundo transporte posterior.