Técnicas de regulação das transferências interunidades

Clique em cada imagem para saber mais sobre as etapas: 

Recepção do chamado

A primeira etapa deve ser a recepção do chamado. O TARM faz a recepção inicial, realiza a identificação da chamada por meio dos seguintes dados: unidade solicitante, nome e CRM do médico solicitante, nome, idade e origem do paciente. Em seguida, o TARM deve passar o telefone ao médico regulador.

Abordagem do caso

A abordagem dos casos endereçados às Centrais de Regulação das transferências interunidades consiste em reunir a maior quantidade de dados possíveis sobre o caso, que podemos relacionar da seguinte forma:

Dados clínicos do paciente:

  • QP (Queixa Principal);
  • Sinais e sintomas associados;
  • Sinais de gravidade;
  • Antecedentes e fatores de risco;
  • Exame físico e sinais vitais;
  • Conduta inicial: medicamentos e procedimentos;
  • Exames realizados;
  • Evolução: alterações verificadas após a conduta inicial;
  • Recursos solicitados para o caso (incubadora, respirador, oxigênio, monitor, bomba de infusão, drogas específicas etc.);
  • Justificativa para a solicitação.

De posse dessas informações, pode-se definir a pertinência do caso.

Atribuições dos solicitantes:

São atribuições do médico assistente:

  • Fazer a indicação da necessidade de transferência;
  • Providenciar a estabilização das condições hemodinâmicas e ventilatórias previamente ao transporte. O transporte de pacientes pode agravar essas duas situações;
  • Providenciar o leito quando for transferência entre UTIs;
  • Elaborar relatório de transferência registrando "a hipótese diagnóstica", os procedimentos efetuados, os exames e as medicações realizadas e os motivos da transferência (não deve se esquecer de assinar e colocar o carimbo de identificação pessoal).

Orientação técnica

Conselho médico ou orientação técnica a um colega médico sobre a conduta a ser tomada para melhor estabilização do paciente antes da transferência ou mesmo para evitar a transferência.

Decisão técnica

O médico regulador deve avaliar a necessidade de intervenção, decidir sobre o recurso disponível mais adequado a cada caso, levando em consideração: gravidade, necessidade de tratamento cirúrgico, os meios disponíveis, relação custo benefício, avaliação tempo-distância. Em resumo, ele decide qual o recurso e o nível de complexidade que o caso exige.

Avaliação dos recursos e decisão gestora - aspectos e regulamentares 

Uma vez constatada a necessidade de transferência, o próximo passo é a procura e/ou escolha do hospital referenciado para o qual o paciente será encaminhado. Diante do estabelecimento da necessidade de transferência, o médico assistente procura o recurso necessário dentro de sua grade de referência ou através da Central de Regulação das Internações.

Procedimentos necessários:

  • Definir, de acordo com a necessidade de cada caso, a complexidade e disponibilidade do serviço de destino, considerando a grade de regionalização e hierarquização do Sistema;
  • Comunicar à equipe no local da ocorrência o destino do paciente;
  • Acionar serviço receptor;
  • Comunicar o envio do paciente, providenciando seu acesso no serviço de destino;
  • Acionar de múltiplos recursos ou combinar para otimizar recursos dispersos;
  • Comunicar o horário previsto para a transferência ao solicitante; e
  • Confirmar o recebimento com o solicitante e/ou com a equipe de transporte para que possa ser providenciada a melhor recepção possível para o paciente.

Transporte

Nesta etapa, deve ser feita a definição e envio do transporte terrestre, aéreo ou aquático. O médico regulador deve certificar-se de que:

  • A equipe intervencionista deve checar se as condições clínicas do paciente são as mesmas informadas à Central de Regulação das Urgências. A equipe intervencionista deve igualmente reavaliar os sinais vitais, fluxos de drogas e parâmetros de ventilação do paciente;
  • A equipe intervencionista deve registrar todos esses dados iniciais em ficha própria, assim como toda a evolução do paciente, inclusive intercorrências e condutas tomadas durante a transferência.

Passagem do caso e entrega do paciente na unidade de destino

O médico regulador deve certificar-se de que o médico intervencionista passe os dados e deixe cópia da ficha de transferência com o médico receptor, que deve assinar a primeira via, a qual fica com a unidade móvel.

 Para refletir

Existem algumas situações especiais que demandam a transferência interunidades, como:

incapacidade técnica do médico sobre os procedimentos recomendados para o caso e/ou desejo do médico

Existem situações nas quais o hospital oferece os meios essenciais para diagnóstico e para tratamento, mas o médico plantonista é incapaz de adotar os procedimentos recomendados ou não sabe como proceder e, por isso, trata de providenciar, o quanto antes, a transferência do paciente.

Entretanto, existem situações nas quais o hospital e o médico possuem condições materiais e técnicas para prestar um adequado atendimento, mas que se trata de um quadro clínico ou cirúrgico que exigirá muita observação e acompanhamento ou novas condutas por parte do médico assistente.

Nesses casos, para não ter pacientes complicados ou que possam vir a agravar o quadro clínico, bem como para não ter atividades extras desnecessárias, é possível que o médico o encaminhe a outro hospital, geralmente de maior complexidade, embora o caso clínico não requeira a transferência.

É a típica situação do "mandar para a frente para não me incomodar" e que certamente tende a apresentar considerável aumento dos finais de semana e feriados prolongados.

solicitação de transferência dos próprios pacientes e/ou familiares.

Em muitas situações de urgência/emergência, em que pese existir recursos materiais suficientes no hospital e um atendimento médico adequado, os pacientes desejam ser transferidos pelas mais variadas razões.

Quais os aspectos éticos - Código de Ética Médica (CEM) - relacionados a esse assunto? (BRASIL, 2009c)

Art. 2o: “O alvo de toda atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional."

Art. 57: que veda ao médico: "Deixar de utilizar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento a seu alcance em favor do paciente."

Art. 47: “Discriminar o ser humano de qualquer forma ou sob qualquer pretexto."

Art. 48 sobre solicitação de transferências por familiares veda ao médico: "Exercer sua autoridade de maneira a limitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a sua pessoa ou seu bem-estar".

Art. 56: veda ao médico: "Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente perigo de vida."

O Manual de Orientação Ética e Disciplinar refere que: "Se um paciente necessita, deve ou quer ser transferido para outra cidade em situação de urgência/emergência o médico deverá fazê-lo no "bom momento" clínico, ou seja, quando o paciente não está em risco iminente de morte e apresenta estáveis seus sinais vitais, mesmo em níveis não ideais" (SANTA CATARINA, 2000).

Em conclusão, o ideal é que o médico atenda ao desejo do paciente ou de seu representante legal e adote os procedimentos técnicos e a conduta ética compatíveis com o caso em questão, nas condições acima referenciadas.

Quais os procedimentos necessários?

* Definir, de acordo com a necessidade de cada caso, complexidade e disponibilidade do serviço de destino, considerando a grade de regionalização e hierarquização do Sistema;

* Comunicar à equipe no local da ocorrência o destino do paciente;

* Acionar serviço receptor;

* Comunicar o envio do paciente, providenciando seu acesso ao serviço de destino;

* Acionar múltiplos recursos ou combinação destes para otimizar recursos dispersos;

* Adaptação dos meios;

* Comunicar ao solicitante;

* Confirmar o recebimento com o solicitante e/ou com a equipe de transporte para que possa ser providenciada a melhor recepção possível para o paciente;

* Pactuar com o hospital os casos de recebimento única e exclusivamente para realização de exames com segundo transporte posterior.

Última atualização: quarta, 21 Nov 2018, 17:19