Abordagem domiciliar de situações clínicas comuns em adultos ARES - Infecção do trato urinário
O que é ITU?
A infecção do trato urinário (ITU) caracteriza-se pela colonização de micro-organismos que invadem qualquer estrutura do trato urinário (HEILBERG; SCHOR, 2006; ALBERT et al., 2008). São consideradas infecções urinárias de repetição:
- quando a pessoa apresenta 3 ou mais infecções urinárias em menos de 1 ano;
- quando apresenta 2 ou mais infecções em menos de 6 meses.
Pode ser classificada da seguinte forma:
- ITU não complicada: a infecção está restrita à bexiga ou ao rim;
- ITU complicada: inclui as causas obstrutivas (hipertrofia benigna de próstata, tumores, urolitíase, estenose da junção ureteropiélica, corpos estranhos); anátomo-funcionais (bexiga neurogênica, refluxo vesicoureteral, rim-espongiomedular, nefrocalcinose, cistos renais, divertículos vesicais), metabólicas (insuficiência renal, diabetes mellitus, transplante renal); uso de cateter de demora ou qualquer tipo de instrumentação).
Outra forma de classificar as infecções do trato urinário sintomáticas são (MARTINS; DAMASCENO; AWADA, 2007):
Cistite = é a infecção do trato urinário baixa (envolve apenas a bexiga). |
Pielonefrite = é a infecção do trato urinário alta (envolve o rim). |
A infecção do trato urinário, na vida adulta, tem incidência elevada e predomina no sexo feminino, com picos relacionados à atividade sexual e durante a gestação. É devido à mulher ter uma uretra mais curta e maior proximidade do ânus com o vestíbulo da vagina e uretra. No homem, o maior comprimento uretral, o maior fluxo urinário e o fator antibacteriano prostático são fatores protetores (HEILBERG; SCHOR, 2006).
As infecções urinárias são as infecções hospitalares mais frequentes, e 80% delas são atribuídas ao uso de cateter urinário. Entre 12 a 16% dos pacientes internados vão apresentar ITU relacionada ao cateter em algum momento da internação (YOKOE et al., 2008).
Em mais de 95% dos casos de ITU, o agente causador da infecção é único e é uma enterobactéria, e 10 a 20% dos pacientes têm colonizadas as regiões perianal e vaginal por estas bactérias (SOARES et al., 2002).