E o câncer do colo do útero, como prevenir?

E o câncer do colo do útero, como prevenir?

De um modo geral, a prevenção do câncer depende de medidas para reduzir ou evitar a exposição aos seus fatores de risco (prevenção primária) e de ações de detecção precoce para a identificação de lesões precursoras ou pré-malignas, com o encaminhamento para o tratamento oportuno (prevenção secundária) (INCA, 2012).

A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV, porém a adoção da vacina não elimina a necessidade da prevenção secundária, pois as vacinas contra o HPV não oferecem proteção para 30% dos casos de câncer do colo do útero causados por outros tipos virais oncogênicos (BRASIL, 2013b).

O rastreamento é a principal estratégia de detecção precoce do câncer do colo do útero. Consiste na aplicação de um teste ou exame em uma população assintomática, aparentemente saudável, para a identificação de lesões precursoras ou sugestivas de câncer (BRASIL, 2013b).

Países que implantaram programas de rastreamento do câncer do colo do útero reduziram a incidência e a mortalidade por esta neoplasia, por meio de altas coberturas de exames citopatológicos e de tratamento para as mulheres diagnosticadas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com uma cobertura da população-alvo de, no mínimo, 80% e a garantia de diagnóstico e tratamento adequados dos casos alterados, é possível reduzir, em média, de 60 a 90% a incidência do câncer do colo do útero (WHO, 2002, tradução nossa).

No Brasil, o rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é recomendado a todas as mulheres entre 25 e 64 anos que já tiveram atividade sexual, por meio do exame citopatológico (Papanicolau), e deve ser realizado a cada três anos, após dois exames negativos, com intervalo anual (INCA, 2011). 

Atenção!

A vacinação não substitui o rastreamento do câncer do colo do útero.  Assim, as meninas vacinadas, quando atingirem a faixa etária preconizada  para  o  exame  Papanicolau  e  já  tiverem  vida  sexual ativa, deverão realizar o  rastreamento, conforme periodicidade recomendada (BRASIL, 2013a). 

 

 Para refletir...

Por que não rastrear mulheres e adolescentes logo que iniciam a vida sexual? O que você acha? 


Vamos relembrar a história natural da infecção por HPV e do câncer do colo do útero, analisando a figura disponível aqui.


A infecção por HPV ocorre em adolescentes e mulheres que iniciaram atividade sexual, mas em aproximadamente 90% dos casos, a infecção regride espontaneamente. Assim, ao submeter meninas e mulheres muito jovens ao rastreamento, é mais provável detectar lesões de baixo grau, que não evoluiriam para lesão precursora e câncer, e isso pode levar à indicação de um tratamento desnecessário, trazendo malefícios futuros para a mulher, como o aumento da morbidade obstétrica (INCA, 2011).

Atenção!

Ao vacinar uma adolescente, que tal perguntar se a mãe já fez o exame preventivo (exame de Papanicolau) nos últimos 3 anos e encaminhá-la, se for o caso, para realização do exame?

A vacina é mais uma estratégia para a prevenção do câncer do colo do útero, mas é imprescindível que as ações de rastreamento sejam mantidas e intensificadas para que a incidência e a mortalidade por esse câncer diminuam no Brasil.


Vale lembrar que ações de promoção e educação em saúde também podem minimizar o risco de a infecção persistente pelo HPV evoluir para o câncer do colo do útero. Entre as ações, podemos destacar a prevenção e o controle do tabagismo (BRASIL, 2013b) e a orientação quanto a evitar ou diminuir a multiplicidade de parceiros. Mulheres imunossuprimidas pelo HIV possuem maior probabilidade de as lesões progredirem para o câncer, portanto, devem ser submetidas anualmente ao rastreamento do câncer do colo do útero, através do Papanicolau (INCA, 2011).

 Saiba mais...

Ficou interessado(a) em saber mais sobre o rastreamento do câncer do colo do útero? Clique aqui e saiba como as "Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero" foram elaboradas e quais as evidências que respaldaram suas recomendações (INCA, 2011). 

Última atualização: quinta, 11 Jun 2015, 22:55