Abordagens em situações de urgências dermatológicas na Atenção Básica

Qualquer alteração no tegumento, de origem química, física, imunológica, psíquica ou de origem desconhecida, constitui lesão elementar, elemento eruptivo ou eflorescência. O mecanismo que origina tais alterações apresenta natureza circulatória, inflamatória, metabólica, degenerativa ou hiperplásica (AZULAY, 2013).

Existem diferenças de conceito e denominação para as lesões elementares, entretanto é possível classificá-las em seis grupos bem definidos:

Fonte: (RIVITTI, 2014, adaptado).

Para identificar desde a normalidade até as alterações, duas técnicas são necessárias para a completa realização do exame físico da pele: a inspeção e a palpação (PORTO; PORTO, 2013).

Inspeção

 Fique atento(a) aos aspectos relacionados à iluminação e coloração:

Iluminação

Durante o exame físico, é muito importante que o ambiente esteja bem iluminado, de preferência sob luz natural; quando não for possível, sob luz fluorescente.

Coloração

Procure se há alterações na coloração da pele. palidez (atenuação ou desaparecimento da cor rósea da pele); eritrose (vermelhidão) cianose (pele em tons azulados devido à diminuição da oxigenação).

Palpação

• Utilize as pontas dos dedos para sentir a umidade da pele. Observe se a pele apresenta sinais de desidratação, hipersensibilidade, crostas ou elevações;
• Avalie a temperatura da pele sempre que o paciente apresentar risco de interrupção na circulação;
• Alterações localizadas também podem ser encontradas como resultado de traumas ou lesões. Fique atento(a)!
• Para avaliação do turgor (elasticidade da pele), o examinador deverá, com a ponta dos dedos, segurar e soltar uma dobra de pele do dorso da mão ou antebraço do paciente:
• Em condições normais, a pele se eleva facilmente e ao ser liberada volta imediatamente à posição de repouso;
• O paciente com turgor insatisfatório não apresenta capacidade rápida de recuperação ao desgaste normal da pele. Uma diminuição no turgor predispõe o paciente a fissuras cutâneas.

Atenção

A presença ou a ausência de sintomas como prurido, dor e ardor são elementos auxiliares no diagnóstico e importantes parâmetros para a correta terapêutica (GOMES, MOURA, AGUIAR, 2012).

Modificações da cor (manchas ou máculas)

A coloração da pele normal, ou seja, sem agravos, deve-se a vários fatores, como (CHANG, 2015):

• efeito óptico de dispersão nas diferentes camadas da pele;
• presença de pigmentos;
• alterações vasculares da pele.

Confira, abaixo, as principais alterações relacionadas ao tegumento:

Relacionadas à melanina

Alterações da cor do tegumento relacionadas à melanina

Mancha hipocrômica (hanseníase indeterminada)	Mancha hipercrômica (neurofibromatose)

Fonte: (UFPE, 2017).

Relacionadas a pigmentos em grande quantidade

Bilirrubinemia	Carotenemia

Relacionadas a pigmentos exógenos

Fonte: (BRASIL, 2002a; CHANG, 2015).

Exemplo de alteração da pele por melasma

Fonte: (UFPE, 2019).

Lesões devidas a alterações vasculares

As lesões relacionadas a alterações vasculares se dividem em transitórias, quando são funcionais, sempre planas como as máculas; ou permanentes, quando se apresentam hiperplásicas, muitas vezes com relevo.

Fontes: (AZULAY, 2013; RODRIGUES, et al., 2010; BRASIL, 2002b).

Exemplo de modificação da pele por alteração vascular

Fonte: (UFPE, 2019).

Saiba mais

Conheça o Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para hemangioma infantil (2017). Clique aqui para ter acesso.

Dica

Não confunda! Mancha ou mácula são todas ou quaisquer alterações da cor da pele. Portanto, faça uso dos diagnósticos diferenciais para distinguir com precisão as alterações da pele.

As púrpuras ocorrem em casos de hemorragia que levam a uma modificação da cor da pele e variam do vermelho ao amarelo e castanho. Elas não desaparecem pela vitropressão e comumente ocorrem pelo extravasamento de hemáceas na derme. Até um centímetro de diâmetro chama-se petéquia, caso seja maior chamamos de equimose e, se linear, víbice (BRASIL, 2002b).

Eflorescências elementares sólidas

Eflorescências são alterações circunscritas decorrentes do acúmulo de células em determinado local. As principais eflorescências sólidas são (BRASIL, 2002b):

Eflorescências por solução de continuidade

Além de conteúdo sólido ou líquido (como visto anteriormente), as eflorescências podem apresentar solução de continuidade. E, as ocasiões são as seguintes:

• Escoriação;
• Erosão;
• Exulceração;
• Ulceração;
• Úlcera;
• Fissura (rágade);
• Fístula.

Eflorescências elementares caducas

São aquelas que tendem à eliminação espontânea:

• Escamas;
• Crostas;
• Escara.

Exemplo de modificação na pele por eflorescência elementar caduca (escara)

Sequelas

São lesões indeléveis primárias ou secundárias a outra lesão. São elas:

• Atrofia: Diminuição da espessura da pele, localizada ou difusa, que pode se apresentar como adelgaçamento ou pregueamento da pele. Ex: estrias.
• Cicatriz: Lesão reparadora de aspecto liso, plano, saliente ou deprimido, que não apresenta pelos, sulcos ou poros.

Saiba mais

Para conhecer mais sobre as doenças que acometem a pele, acesse: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD, 2016) Clique aqui para acessar. Manual de Dermatologia na Atenção Básica de Saúde (BRASIL, 2002b). Clique aqui para acessar.

Pausa para a reflexão

Que instrumentos, equipamentos ou infraestrutura você possui na unidade de saúde em que atua para facilitar os diagnósticos de doenças dermatológicas? São suficientes para o seu dia a dia profissional?