Assistência nas situações de erisipela

Popularmente conhecida por mal-do-monte, esipra ou vermelhão, a erisipela é uma infecção da derme com intenso comprometimento do plexo linfático subjacente e se caracteriza por placas eritematosas acompanhadas de dor e edema (BERNARDES et al., 2002; BRASIL, 2002b).

Apresenta, ainda, bordas elevadas e endurecimento que conferem à pele aspecto de casca de laranja. O agente etiológico mais comum da erisipela é o Streptococcus beta-hemolítico do grupo A (raramente dos grupos C ou G, e, em recém-nascidos, do grupo B), podendo ocorrer infecção pelo Staphilococcus aureus (BERNARDES et al., 2002).

erisipela
Fonte: (BRASIL, 2002b, adaptado).

O diagnóstico se dá pela clínica do paciente e por meio de exames laboratoriais, tendo como diagnósticos diferenciais (BRASIL, 2002b):

  • erisipeloide: quadro que surge em ponto de inoculação, em geral de um ferimento resultante de manuseio de carne de peixe contaminada, porco ou outros animais;
  • dermatite de contato: história clínica e a localização orientam quanto a um agente sensibilizante.

Tratamento nas situações de erisipela

Geralmente, não há necessidade de internação. O tratamento nos primeiros dias pode ser feito com penicilina procaína na dose de 400-600.000 UI, intramuscular, de 12 em 12 horas. Nos casos mais graves, que geralmente necessitam de internação, recomenda-se o tratamento com penicilina cristalina na dose de 3.000.000 UI, por via endovenosa, de 4 em 4 horas. A partir do segundo episódio, está indicada profilaxia com penicilina benzatina, intramuscular, dose de 1.200.000 UI, de 3 em 3 semanas, durante 1 a 2 anos (AZULAY, 2013; BRASIL, 2013).

Outras drogas podem ser utilizadas como alternativas à penicilina, que são as cefalosporinas de primeira geração, ampicilina, eritromicina e (amoxicilina associada a clavulanato).

Em casos de erisipela, deve-se orientar manter repouso com membros elevados, compressas frias e desbridamento, caso necessário.

 Atenção

Em algumas comunidades, culturalmente, as pessoas mais antigas orientam o uso de uma fita vermelha no membro afetado. Essa conduta deve ser reprimida e devidamente orientada, uma vez que o membro fica sob efeito de edema, o que pode obstruir a oxigenação do mesmo.

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Entre as complicações mais comuns, são descritas na literatura: linfedema ou elefantíase como consequência dos surtos recidivantes. Referenciar ao angiologista quando houver comprometimento venoso (BRASIL, 2002b).

 Atenção

O tratamento da erisipela com a administração de penicilina em unidades básicas de saúde deve ser realizado sempre que tiver profissionais capacitados e com medicações de suporte. De acordo com a Portaria nº 3.161, de 27 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde, a administração da penicilina deve ser realizada nas Unidades de Atenção Básica à Saúde no âmbito do SUS, pela equipe de enfermagem (auxiliar, técnico ou enfermeiro), médico ou farmacêutico (BRASIL, 2011), desde que não haja restrições legais.

Última atualização: quinta, 11 Jul 2019, 10:09