Diagnóstico da realidade da morte

Agora, vamos falar de uma parte mais delicada e pouco comum nos currículos da área de saúde. Acompanhe o caso abaixo:

Dona Josefa (86 anos) era portadora de hipertensão sistêmica, diabetes mellitus, arritmia cardíaca, sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorrido há 5 anos e demência de Alzheimer diagnosticada há 8 anos. Residia com os familiares na casa do filho e, segundo familiares, não apresentava problemas para dormir, sempre dormia a noite toda.

Era mais um dia normal na rotina da família de Dona Josefa. Todos acordaram para tomar café e logo foram ao seu quarto para alimentá-la e fazer os cuidados diários. Porém, ao chegarem lá, encontraram Dona Josefa sem responder aos chamados, sem respirar e sem pulso. A equipe da Unidade de Saúde da Família, responsável pelos cuidados de Dona Josefa, rapidamente foi chamada.

Ao examinarem a paciente, perceberam que os olhos de Dona Josefa estavam ressecados e sem brilho, a pele estava gelada, os olhos e a boca estavam entreabertos, e existia uma mancha arroxeada no dorso, poupando as áreas de compressão como nádegas e escápulas; ao realizarem compressão digital nessa região violácea, a área que foi comprimida ficava pálida, sem cor. Perceberam ainda uma rigidez que compreendia a nuca, mandíbula e membros superiores. Não foi visualizada mancha verde abdominal. Ao conversar com a família, a equipe de saúde informou sobre a morte de Dona Josefa.

  • Você conseguiria mensurar há quantas horas aproximadamente Dona Josefa faleceu para informar ao serviço responsável?

  • Quais fenômenos abióticos podemos observar no corpo de Dona Josefa?

A morte é um evento complexo, entretanto ela não ocorre de uma só vez, não é um momento ou um instante, mas sim um processo gradativo, que não se sabe exatamente quando se inicia ou quando termina. Por isso, tem-se tanta dificuldade em se determinar com precisão o exato momento da morte. Porém, é claro que quanto mais distante for admitida a morte, mais fácil é o seu diagnóstico, ou seja, quanto mais tardios são os processos de morte, mais fáceis de se identificar. Exemplo: a morte cerebral precisa de vários parâmetros para o seu correto diagnóstico, já uma vítima de assassinato encontrada em estado de decomposição torna o diagnóstico mais simples (FRANÇA, 2015).

Para se constatar a certeza da morte, é necessária a observação cuidadosa dos fenômenos que surgem no corpo humano a partir do momento da morte, os quais são representados por mudanças físicas, químicas ou estruturais. Adiante, veremos mais sobre isso.

Última atualização: terça, 29 Jan 2019, 13:59