Urgências e emergências cardiovasculares na Atenção Básica
Classificação e etiologia
A Atenção Básica é comumente acionada nesses casos devido à epidemiologia da morte súbita, que ocorre, predominantemente, no lar e com predominância em indivíduos com cardiopatias estruturais, seguidos dos indivíduos sem cardiopatia estrutural, mas apresentando cardiopatias primariamente elétricas (TIMERNAN; GONZALEZ; RAMIRES, 2007).
Podem ser causas da morte súbita cardíaca (TIMERNAN; GONZALEZ; RAMIRES, 2007):
- coronariopatias;
- doença congênita do coração;
- miocardiopatias;
- doenças valvulares;
- doenças inflamatórias.
Entre as doenças cardiovasculares, a cardiopatia coronariana isquêmica é responsável por 80% dos casos de morte súbita, sendo que a patologia mais frequente é a doença trivascular seguida do IAM e revascularização, cardiopatia coronariana não aterosclerótica, como embolia pulmonar, dissecções e anomalias congênitas da artéria coronária (SANTOS et al., 2015).
As canalopatias (doenças herdadas geneticamente em coração estruturalmente normal) ocorre em:
Doenças congênitas |
Doenças congênitas em atletas, associadas a outros fatores de risco, como: idade entre 30 e 35 anos, intensidade da competição e tipo de esporte (futebol, basquetebol), período do dia e sexo masculino. Nesse grupo, a causa de MSC é a cardiomiopatia hipertrófica seguida de anomalias nas artérias coronárias e hipertrofia idiopática do ventrículo esquerdo. |
Síndrome de Brugada |
Pertence ao grupo das canalopatias, doença arritmogênica na ausência de doença estrutural cardíaca. Caracteriza-se por um padrão eletrocardiográfico típico (bloqueio do ramo direito do feixe de His e supradesnivelamento do segmento ST nas derivações precordiais direitas) (MATOS, 2014). |
Síndrome de QT longo congênito |
Doença familiar caracterizada pelo prolongamento do intervalo QT ao eletrocardiograma e arritmia maligna. Representa a principal causa de autópsia negativa em casos de morte súbita em jovens (MATOS, 2014). |
Síndrome Wolf Parkinson White (SWPW) |
Anomalia congênita caracterizada por uma via acessória que conduz estímulo elétrico e frequências muito altas, podendo precipitar quadros sincopais e até mesmo a morte. A SWPW é o tipo mais frequente de pré-excitação ventricular, e os pacientes podem apresentar diferentes taquiarritmias; entre elas, destaca-se a fibrilação atrial, que, eventualmente, pode degenerar para fibrilação ventricular, ocasionando morte súbita. |
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Para saber mais sobre as canalopatias (MATOS, 2014), clique aqui. |
Em esportes de contato ou situações de violência, outra causa de morte súbita é o Commotio Cordis, que é provocado por trauma direto de tórax causador de pequena ou não evidente lesão cardíaca em indivíduos sadios (pode ocorrer durante a prática de esportes, situações de violência, acidentes de trânsito) . Essa situação é mais prevalente em indivíduos portadores de cardiopatia estrutural e crianças mais jovens com a caixa torácica menos desenvolvida. Seu mecanismo é explicado pela ocorrência de arritmias letais.
As doenças primariamente elétricas, na ausência de cardiopatia estrutural, são aquelas nas quais o indivíduo não apresenta nenhuma doença cardíaca estrutural (TIMERNAN; GONZALEZ; RAMIRES, 2007).
É preciso excluir fatores desestabilizantes, como distúrbios eletrolíticos ou exposições às substâncias tóxicas ou drogas lícitas ou ilícitas. As doenças cardíacas elétricas primárias são responsáveis pelo evento arrítmico e as principais são:
- Fibrilação ventricular idiopática (sem identificação da causa subjacente);
- Taquicardia ventricular catecolaminérgica;
- Torsade de Pointes.
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Apesar de nos últimos anos a sua incidência apresentar quedas significativas, a Doença de Chagas também é causa significativa da morte súbita cardíaca, principalmente em países em desenvolvimento (SANTOS et al., 2015). Sugerimos que você acesse o Boletim Epidemiológico, publicado pela Secretaria da Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, intitulado "Doença de Chagas Aguda e distribuição espacial dos triatomíneos de importância epidemiológica, Brasil 2012 a 2016", para saber mais sobre a doença de Chagas (BRASIL, 2019). Clique aqui. |