Urgências e emergências cardiovasculares na Atenção Básica
Abordagem ao paciente em crise hipertensiva
O paciente acometido por crise hipertensiva pode já estar em tratamento clínico (ou não) devido à hipertensão, mas pode, também, ainda não ter sido diagnosticado. Essas são situações comuns tanto em serviços hospitalares como na Atenção Básica. Portanto, uma abordagem adequada é essencial para diferenciação entre emergência hipertensiva, urgência hipertensiva e pseudocrise hipertensiva.
O fluxograma a seguir apresenta uma sugestão de fluxo de rastreamento e a conduta conforme a classificação da pressão arterial (BRASIL, 2013e):
Fonte: (BRASIL, 2013e, adaptado).
Para evitar conclusões diagnósticas errôneas, faça, primeiramente, a avaliação primária com diferenciação do caso entre emergência hipertensiva, urgência hipertensiva ou pseudocrise hipertensiva. Somente após a estabilização do quadro clínico do paciente deve-se realizar a avaliação secundária como você aprendeu no curso "Abordagens de adultos em situações de urgência e emergência na Atenção Básica".
Na avaliação primária, deve-se:
Avaliar a responsividade (chamar o paciente) e expansão torácica. Colocar o paciente em repouso, procurar tranquilizá-lo.
A |
Avaliar permeabilidade de via aérea (VA)
Corrija situações de risco com:
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B |
Avaliar respiração/ventilação:
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C |
Avaliar o estado circulatório:
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D |
Avaliar o estado neurológico:
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Fonte: (BRASIL, 2016c).
Na avaliação secundária, deve-se:
Colher com o paciente, familiares ou terceiros a queixa principal; monitorizar oximetria de pulso, sinais vitais e coletar história através do mnemônico SAMPLA:
Fonte: (BRASIL, 2016c).
A história clínica deve incluir:
- tempo de diagnóstico e gravidade da HAS;
- presença de lesão prévia de órgão-alvo;
- uso de medicações hipertensivas, grau de aderência ao tratamento e controle da PA;
- uso de outras medicações (substâncias como simpaticomiméticos) ou drogas ilícitas;
- realização de avaliação complementar: instalar oximetria de pulso (se disponível), mensurar a glicemia capilar (se disponível);
- realização de exame da cabeça aos pés, como descrito a seguir.
Cabeça e face |
Inspecionar e palpar o couro cabeludo, as orelhas, os ossos da face, olhos, as pupilas (verificar diâmetro, reação à luz e simetria pupilar), o nariz, a boca. Observar alterações na coloração e temperatura da pele. |
Pescoço |
Avaliar a região anterior e posterior. Verificar, em especial, se há distensão das veias jugulares. |
Tórax |
Observar, em especial, se há uso de musculatura acessória, tiragem intercostal e de fúrcula, movimentos assimétricos. |
Avaliar função cardiopulmonar |
Se possível, realizar ECG para avaliação de lesão miocárdica. |
Abdome |
Observar sopros abdominais e massas pulsáteis, observar abdome distendido. |
Avaliar membros superiores |
Observar, em especial, a palpação de pulsos distais e perfusão dos membros. Avaliar a força motora, solicitando que o paciente aperte a mão do profissional e/ou eleve um braço de cada vez, se descartada qualquer potencial lesão. |
Avaliar membros inferiores |
Observar, em especial, a palpação de pulsos distais e perfusão dos membros (preenchimento capilar). Avaliar a força motora, solicitando que o paciente movimente os pés e/ou eleve uma perna de cada vez, se descartada qualquer potencial lesão. |