Tratamento

Nível primário

O objetivo do tratamento dos portadores de isquemia crítica, no nível primário, é (SBACV, 2015):

  • a melhora da dor;
  • a cicatrização de úlceras;
  • a prevenção da perda de membro;
  • o aumento de sobrevida com qualidade.

Assistência especializada

A terapia intervencionista está indicada para pacientes incapacitantes, intensos e progressivos e para aqueles com isquemia em repouso e/ou úlceras isquêmicas. As intervenções podem ser: endovasculares, cirurgia de revascularização e amputação (SBACV, 2015) e nenhuma dessas pode ser realizada na Atenção Básica.

Terapia endovascular
É a Angioplastia Transluminal Percutânea (ATP) seguida ou não de colocação de stent (YOSHIDA et al., 2008).
Cirurgia de revascularização

Procedimento cirúrgico que pode consistir na inserção de (YOSHIDA et al., 2008):

  • by-pass aortobifemoral empregando enxerto de Dacron;
  • by-pass axilofemoral;
  • by-pass femorofemoral;
  • by-pass femoropoplíteo;
  • reconstruções tibiofibulares.

Não se recomenda uso de próteses pelo alto índice de obstrução.

Amputação do membro
É necessária em 5% a 10% dos pacientes que apresentaram claudicação em 5 a 10 anos de acompanhamento. Os doentes que continuam a fumar são aqueles que frequentemente realizam esse procedimento. A presença de múltiplos fatores de risco para doença aterosclerótica e claudicação a curta distância também são fatores relacionados à maior incidência de amputação (YOSHIDA et al., 2008).

Devido à gravidade do problema e à demora na busca pelo diagnóstico/tratamento, muitas vezes, a indicação de amputação pode já ser a primeira intervenção para a terapêutica do paciente.

Segundo Yoshida et al. (2008), as taxas de mortalidade 1 mês após a amputação são elevadas, variando de 15 a 30%. Após 1 ano, podem atingir índices superiores a 50% e, após 5 anos, podem chegar até 74%. Os dados apresentados devem servir de alerta para motivar os profissionais a mudarem o cenário do serviço e para auxiliar nas condutas de promoção à saúde, evitando se chegar a tal estágio avançado. Portanto, na Atenção Básica, o objetivo do tratamento tanto da doença periférica obstrutiva como da isquemia crítica é a prevenção secundária de doenças cardiovasculares por meio de:

  • mudanças no estilo de vida: cessação do hábito de fumar, exercício físico diário, controle ponderal;
  • tratamento medicamentoso com hipoglicemiantes, hipolipemiantes, anti-hipertensivos, drogas para o controle da hiperhomocisteinemia, antiplaquetários (ASS e Clopidogrel – evitar progressão da doença, prevenir trombose e embolização), antitrombóticos (oxalato de naftidrofurilcilostazo e pentoxifilina);
  • tratamento com endoprótese, se necessário;
  • medidas para evitar amputações.

Reabilitação

Em casos de amputação, ou não, as ações de reabilitação devem objetivar recuperar a autonomia para locomoção e para as atividades da vida diária, sem deixar de cuidar dos aspectos cognitivos, emocionais e sociais (YOSHIDA et al., 2008).

A reabilitação desse grupo de pacientes é um desafio para a equipe multiprofissional, a fim de evitar agravamento da situação de saúde, reamputações e mortalidade, pois eles podem ser portadores de outras doenças associadas à doença vascular.

Caso haja apoio por parte dos NASFs, o usuário deve ter seu caso discutido com os profissionais que compõem as equipes (fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo, entre outros), para avaliar a necessidade de atendimento conjunto ou de ações específicas dos diversos núcleos profissionais.

Última atualização: sexta, 28 Jun 2019, 13:20